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Perícia de Leitura Labial: Quando os Lábios Revelam o Que Não Foi Ouvido

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Em uma gravação sem som, o que está sendo dito pode parecer inacessível. Mas para peritos especializados, os lábios podem ser tão informativos quanto a própria voz. A perícia de leitura labial é uma técnica delicada, mas poderosa, utilizada para decifrar diálogos em vídeos mudos ou com áudio comprometido.

O que é a leitura labial forense?

É o processo de interpretar o conteúdo falado por uma pessoa apenas observando os movimentos da boca, da língua e da face. Utilizada há décadas por pessoas surdas ou com deficiência auditiva, essa técnica ganhou novo fôlego no campo forense com o avanço da tecnologia de imagem e análise digital.

Na prática, a leitura labial pericial pode revelar falas em vídeos sem áudio, filmagens de segurança, gravações comprometidas ou propositalmente editadas.

Como os peritos realizam essa perícia?

A perícia segue etapas rigorosas:

  1. Captura e estabilização do vídeo, com ampliação da imagem quando necessário;
  2. Análise dos movimentos articulatórios (movimento dos lábios, mandíbula, bochechas e língua);
  3. Interpretação das possíveis palavras, levando em conta:
    • Padrões de pronúncia e contexto fonético;
    • Expressões faciais e contexto gestual;
    • Idioma e sotaque regional, quando identificáveis;
  4. Registro de múltiplas hipóteses possíveis, já que algumas palavras podem ter articulação semelhante (ex: “bato” e “pato”).

Além da análise humana, softwares de apoio — incluindo algoritmos de reconhecimento facial — são usados para ampliar a precisão e registrar o processo de forma documentada.

O que exige do perito?

Essa perícia requer alta especialização em fonética articulatória e linguística, além de familiaridade com leitura labial em diversas condições visuais. É comum que peritos dessa área tenham formação em fonoaudiologia, linguística forense ou audiologia.

Em que casos a leitura labial é aplicada?

  • Vídeos de agressões verbais sem captação de som;
  • Câmeras de segurança que gravam imagem, mas não áudio;
  • Necessidade de transcrever ameaças, ordens ou comandos em vídeos comprometidos;
  • Complementação de outras perícias audiovisuais para entendimento integral da cena.

Um caso emblemático ocorreu no Reino Unido, onde a leitura labial de câmeras de segurança ajudou a confirmar a identidade de um agressor em um ataque de ódio. No Brasil, a técnica ainda é usada de forma restrita, mas com potencial de crescimento em investigações complexas.

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