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Quando a Perícia Revela a Verdade: O Caso do Homem Branco que Tentou Fraudar o Sistema de Cotas Raciais

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Por Redação – Colaboração Técnica: Especialista em Perícia Audiovisual

Num país marcado por profundas desigualdades raciais, as políticas de cotas são ferramentas essenciais de justiça social. Mas o que acontece quando alguém tenta burlar esse sistema com má fé? E mais: como provar uma fraude de identidade racial? Um caso recente exibido no Fantástico, da TV Globo, trouxe essa discussão à tona — e mostrou como a ciência pericial pode ser determinante para revelar a verdade.

O caso que chocou o Brasil

Um homem branco tentou se passar por negro para ser aprovado em concurso público para a agência do INSS por meio do sistema de cotas raciais. A farsa só foi descoberta anos depois, quando ele já estava empregado. Como provar que ele realmente foi quem usou a vaga destinada a candidatos negros?

A perícia que desvendou a fraude

Foi aí que entrou em cena a perícia forense, conduzida pela perita Valéria Leal, especialista em biometria facial. Com base em imagens do processo de matrícula, registros fotográficos e dados biométricos, ela conseguiu realizar uma identificação precisa do indivíduo.

“A técnica de reconhecimento facial pericial permite comparar características estruturais da face – como distância entre os olhos, formato da mandíbula e proporções faciais – com alto grau de precisão”, explica Leal. A análise não é automática como em sistemas comerciais; ela é feita com critérios científicos, comparando pontos anatômicos específicos, com controle técnico e validação científica.

Mais do que aparência: ciência forense

Um dos pontos centrais da perícia foi demonstrar que o homem teria escurecido artificialmente sua pele e alterado seu cabelo para simular traços afrodescendentes, configurando fraude ideológica e falsidade na autodeclaração racial.

Além da comparação biométrica, a perita também analisou a morfologia facial ao longo dos anos, considerando fotos antigas, documentos pessoais e registros acadêmicos. O laudo pericial concluiu, sem margem para dúvidas, que se tratava da mesma pessoa — e que ela havia mentido para se beneficiar de uma política pública de inclusão.

Implicações éticas e legais

O caso abriu um debate urgente sobre fraudes em cotas raciais e a importância de instrumentos técnicos confiáveis para garantir a justiça. A atuação da perícia técnica não apenas revelou a tentativa de golpe, mas reforçou a legitimidade das políticas afirmativas, ao mostrar que há formas objetivas de proteger seus princípios.

Para especialistas, esse episódio marca um ponto de virada: “A ciência pericial pode — e deve — ser uma aliada da justiça social. Quando usada com responsabilidade, ela não apenas identifica culpados, mas também fortalece os mecanismos de equidade”, afirma a perita.

O papel da perícia na era das fake identities

Num mundo onde a manipulação da imagem, das identidades e das narrativas é cada vez mais sofisticada, o trabalho dos peritos se torna essencial. E este caso é um alerta: fingir ser quem não se é pode enganar temporariamente as pessoas — mas não enganar a ciência.

Confira AQUI o caso periciado pela ForensePRO na íntegra:

 

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