Em um vídeo, nem tudo é o que parece. Cortes, inserções, sobreposições ou alterações sutis podem transformar uma gravação comum em uma narrativa distorcida. É nesse contexto que entra a perícia de suspeita de edição e manipulação de vídeo, técnica que permite identificar quando uma imagem foi adulterada.
O que é a análise de suspeita de manipulação?
É o processo técnico pelo qual o perito examina um arquivo digital para detectar indícios de alteração, intencional ou acidental. A perícia busca responder perguntas essenciais: o vídeo é completo? Houve cortes ou inserções? As imagens foram sobrepostas ou recomprimidas?
A análise vai além do que se vê na tela. Cada frame, sombra, reflexo e padrão de compressão é observado em busca de inconsistências que possam comprometer a credibilidade da prova.
Como os peritos realizam essa perícia?
O trabalho segue etapas rigorosas:
- Extração do arquivo original, garantindo a integridade da evidência e a cadeia de custódia;
- Análise quadro a quadro, observando movimentos, continuidade de luz, sombras e reflexos;
- Verificação de artefatos digitais, como bordas duplicadas, pixelação incomum ou saltos na sequência;
- Comparação de metadados, identificando datas, horários e histórico de compressão;
- Registro detalhado em laudo técnico, descrevendo cada indício e possíveis hipóteses.
O que exige do perito?
Além de conhecimento em tecnologia de vídeo, formatos digitais e compressão, o especialista precisa de experiência em interpretação de sinais visuais e digitais, garantindo que cada suspeita de manipulação seja fundamentada em evidências objetivas.
Em que casos essa perícia é aplicada?
- Vídeos que supostamente registram crimes, agressões ou furtos;
- Arquivos apresentados em processos civis ou criminais, com suspeita de edição;
- Materiais divulgados em redes sociais, com alegações questionáveis;
- Imagens corporativas ou institucionais que precisam ser verificadas antes de servir como prova.
Um exemplo prático ocorreu em uma investigação corporativa, quando um vídeo de segurança parecia incriminar um funcionário. A perícia identificou saltos de frames e recompressões, indicando que o trecho apresentado havia sido recortado e inserido fora de sequência. O laudo técnico demonstrou que o vídeo não representava a realidade completa, evitando uma condenação injusta.
Em perícia audiovisual, o olhar técnico transforma suspeita em evidência. Detectar manipulação é garantir que a verdade não seja vítima da edição.









