Com o avanço das tecnologias de clonagem vocal por inteligência artificial, cresce o risco de fraudes com vozes sintéticas — especialmente em golpes, extorsões e manipulação de evidências. A perícia de voz clonada torna-se, então, uma ferramenta fundamental para identificar se uma gravação é autêntica ou gerada artificialmente.
O que é uma voz clonada?
Softwares de IA conseguem hoje imitar vozes humanas com alta fidelidade a partir de trechos gravados. Esses clones reproduzem timbre, ritmo, entonação e até maneirismos vocais. São usados desde dublagens automatizadas até fraudes sofisticadas — como simular ligações de CEOs, políticos ou membros da família.
Como os peritos detectam uma clonagem?
A análise pericial de voz segue procedimentos técnicos rigorosos, com foco em sinais que indicam artificialidade:
- Análise espectrográfica: Peritos comparam o espectro da gravação com registros vocais legítimos da pessoa em questão. Vozes sintéticas costumam ter padrões harmônicos diferentes, menos ruído respiratório e pouca variação natural.
- Entonação e prosódia: Clones muitas vezes mantêm um tom regular, sem hesitações naturais, pausas orgânicas ou erros típicos da fala humana.
- Ruídos inexistentes: Gravações reais apresentam sons ambientais, pequenas variações na respiração, saliva, engasgos, que estão ausentes em simulações geradas por IA.
- Softwares de detecção de IA vocal: Ferramentas como Resemble Detect, ElevenLabs Detector e outras usam modelos treinados para distinguir traços sintéticos com alta precisão.
Quando essa perícia é fundamental?
- Em áudios apresentados como prova judicial, cujo conteúdo possa incriminar ou inocentar alguém;
- Em casos de golpes financeiros via telefone, com uso da voz de parentes ou gestores;
- Em denúncias onde se alega alteração ou fabricação de áudios comprometedores.
No exterior, houve casos de CEO de empresas sendo enganados por telefonemas falsos de “superiores” — com perda de milhões em transferências indevidas. No Brasil, essa tecnologia já foi usada para simular ameaças e armar fraudes em contextos políticos e pessoais.